Quando a menstruação atrasa ou surge a ansiedade por confirmar uma gestação, muitas mulheres se perguntam qual exame escolher para obter uma resposta confiável. Entre as opções disponíveis, os testes rápidos de farmácia e o exame Beta HCG são os mais comuns. Mas, qual é a melhor escolha para cada situação?
Teste rápido de farmácia: prós e contras
Os testes de gravidez de farmácia, também conhecidos como Beta HCG Qualitativo, funcionam detectando a presença do hormônio HCG (gonadotrofina coriônica humana) na urina. São práticos, podem ser feitos em casa e o resultado sai em poucos minutos.
No entanto, sua confiabilidade pode ser afetada pelo tempo de gestação ou pela realização do teste fora do período ideal. Erros no procedimento podem levar a um alto índice de falso-negativos (24%), segundo estudo publicado no American Journal of Public Healthy. O artigo relata que apenas 32% desses exames caseiros são realizados seguindo todas as orientações prescritas pelo fabricante. Portanto, mesmo que o resultado seja negativo, se houver suspeita de gravidez, recomenda-se realizar uma nova análise através do exame sanguíneo Beta HCG.
Para que serve e como funciona o exame Beta HCG?
O Beta HCG é um exame de dosagem sérica da gonadotrofina coriônica humana, ou HCG. O hormônio começa a ser produzido pela placenta entre seis e oito dias após a implantação do óvulo fecundado na parede interna do útero, o endométrio, favorecendo sua fixação e impedindo a eliminação do embrião. Por essa razão, ele é amplamente utilizado para investigar a probabilidade de gravidez.
O exame pode ser realizado a partir do terceiro dia de atraso menstrual, por meio de uma amostra de sangue da mulher. Ele não exige preparação prévia para sua realização, como jejum, não oferece risco para a gestação, e o resultado em geral é liberado ainda no mesmo dia. Mulheres que utilizam a fertilização in vitro para engravidar também fazem uso do exame para comprovar o sucesso do procedimento, e ele é especialmente útil no processo de gravidez planejada.
Qual a diferença entre Beta HCG Qualitativo e Beta HCG Quantitativo?
Logo após a fixação do óvulo fecundado no interior do útero, começa a formação da placenta e a liberação da gonadotrofina coriônica humana. Essa liberação segue um certo padrão de aumento gradativo da dosagem do hormônio presente no sangue, o que permite avaliar se a gravidez está seguindo o curso esperado, ou se há indícios sugestivos de aborto espontâneo ou neoplasia trofoblástica, por exemplo.
Assim, enquanto o exame Beta HCG Qualitativo, normalmente encontrado em testes de farmácia, irá apenas informar se foi detectado ou não o hormônio na corrente sanguínea da paciente, com baixa margem de precisão e confiabilidade, o Beta HCG Quantitativo, realizado pelo laboratório trará a informação adicional sobre a concentração ou a quantidade desse hormônio no sangue.
De acordo com o presidente da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML), o médico Alvaro Pulchinelli, o exame quantitativo também irá eventualmente apoiar outros diagnósticos, pois existem patologias nas quais o Beta HCG pode ser solicitado como ferramenta diagnóstica e de monitoramento.
“Uma dessas indicações é o diagnóstico da mola hidatiforme, um tipo de gestação com feto inviável e crescimento anormal da placenta. Há, ainda, o coriocarcinoma, um tipo de câncer de crescimento rápido que se forma no útero durante ou após uma gestação, especialmente após a mola hidatiforme. Em ambas, existe um aumento incomum dos níveis de HCG no sangue, que deve ser quantificado e acompanhado. Além disso, a gonadotrofina coriônica humana também é utilizada como marcador para investigação de tumores testiculares no homem, condição em que há liberação desse hormônio”, explica o patologista clínico.
Testes rápidos, embora possam ter sua utilidade em determinadas circunstâncias, não devem substituir, em hipótese nenhuma, os exames realizados em laboratórios clínicos, lembra a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed). “A precisão e a confiabilidade dos resultados são fundamentais para orientar adequadamente as decisões médicas. Além disso, os laboratórios clínicos seguem protocolos rigorosos de qualidade e segurança, oferecendo suporte profissional integral aos pacientes”, salienta César Nomura, presidente do Conselho de Administração da Abramed.
Quando a confirmação da gravidez pode ser considerada definitiva?
Altos níveis de gonadotrofina coriônica humana, produzindo resultado positivo, devem ser tomados como indícios de probabilidade, e não como evidência definitiva de gravidez, assim como um resultado negativo deve ser associado a outras observações para só então descartar a possibilidade de gestação. A confirmação definitiva só virá através do exame clínico realizado pelo médico, com constatação de batimentos cardíacos e movimentos fetais.
Numa gestação normal, esses valores aumentam exponencialmente no 1° trimestre, dobrando a cada dois dias e atingindo um pico entre a 10ª e a 12ª semanas. Essa evolução, contudo, pode variar de gestação para gestação, sinalizando apenas uma aproximação para determinar a idade gestacional, que será confirmada na sequência com outros exames, como o ultrassom obstétrico.
Em geral, os resultados negativo ou positivo baseiam-se nos seguintes valores de referência:
Acompanhamento laboratorial durante a gestação
Após um resultado positivo de Beta HCG, e com gestação confirmada pelas observações clínicas realizadas pelo médico, o suporte laboratorial segue acompanhando toda a evolução da gravidez.
Esse é o momento da realização do Pré-natal, um conjunto de exames cujo objetivo é avaliar se o organismo materno está apto para as exigências fisiológicas da gestação. O Pré-natal inclui exames básicos como Hemograma, Glicemia, Colesterol, funções do fígado e dos rins, parasitológico, sorológico para DSTs e outras infecções, e mais todos aqueles exames que o médico julgar necessários baseado no perfil e no histórico da gestante. Dessa forma, são oferecidas todas as condições para uma gravidez tranquila para a mãe, e um desenvolvimento pleno e saudável para o bebê até o parto.