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Diagnóstico precoce do câncer e marcadores tumorais




Segundo o Instituto Nacional do Câncer, INCA, 704 mil novos casos de câncer estão previstos no Brasil para o triênio 2023/2025. A doença, segundo a Organização Mundial de Saúde, pode apresentar um crescimento na incidência de 77% até 2050. As causas desse aumento ainda não são precisamente estabelecidas, mas, ainda segundo a OMS, podem estar associadas tanto à maior expectativa de vida da população, quanto à exposição a fatores de risco como poluição, obesidade, álcool e tabagismo, aliados ao sedentarismo, estresse, e maus hábitos alimentares. 


Se por um lado a tecnologia médica vem avançando de forma exponencial e segue investindo pesado na pesquisa por melhores formas de diagnosticar, controlar e curar a doença, por outro nunca foi tão evidente a importância da prevenção, que permite alcançar chances de remissão entre 90% e 100% em muitos tipos da doença, como o câncer de mama, de útero, colorretal, e de próstata. É aqui que entram tanto as responsabilidades individuais como públicas sobre a saúde, promovendo, além de mudanças no estilo de vida, a realização pontual de check-ups rotineiros orientados e supervisionados pelo médico. No quadro abaixo, é possível observar, divididos por sexo, os 10 tipos de câncer prevalentes no Brasil em 2023, exceto o mais prevalente de todos, o câncer de pele do tipo melanoma, que responde por mais de 30% de todos os casos notificados. 























(Fonte: INCA - Instituto Nacional do Câncer)


Exames de rastreio x Marcadores tumorais


Vale observar que os quatro tipos de câncer mais prevalentes no quadro acima são também aqueles que mais oferecem chances de cura quando detectados precocemente, com exames de rastreio como ferramentas importantes de apoio ao diagnóstico. 


É o caso do câncer de mama, que pode ser descoberto em seus estágios iniciais através do exame periódico de mamografia, recomendado para todas as mulheres a partir dos 40 anos ou ainda antes, a critério médico, caso apresentem casos da doença na família. Já o câncer de próstata, tumor que mais afeta os homens, pode ser diagnosticado a partir da análise do PSA, ou Antígeno Prostático Específico, um exame de sangue simples que a ser inserido no check-up rotineiro a partir dos 50 anos de idade ou mais cedo, de acordo com o histórico do paciente. O câncer colorretal, que ameaça igualmente a saúde de homens e mulheres - com um leve desvio para mais no caso delas - é uma doença de evolução lenta e silenciosa que pode ser descoberta em tempo para atingir 95% de chances de cura a partir do PSO, ou exame de Pesquisa de Sangue Oculto. 


Finalmente, o câncer de colo de útero, quarta maior causa de mortalidade feminina no Brasil, é uma doença que pode levar até 20 anos para manifestar seus primeiros sintomas, e que alcança até 100% de chances de cura quando identificada precocemente. Isso enfatiza a necessidade de estimular e divulgar mais fortemente a prática periódica e regular do exame Citopatológico, também conhecido como Papanicolau. Recomendado para todas as mulheres a partir do início da atividade sexual, o Citopatológico é realizado a partir da coleta de uma amostra de células do colo uterino, de forma rápida e indolor, e permite identificar as lesões ainda antes de se tornarem malignas. 


Além do Citopatológico, outra medida preventiva de grande eficácia contra o câncer de colo do útero é a vacina contra o HPV, disponível para meninos e meninas a partir dos 9 anos de idade. O HPV, ou Papilomavírus humano, é uma infecção sexualmente transmissível associada a 70% dos casos de câncer uterino, além do câncer de vulva, pênis e ânus.


Já os marcadores tumorais são proteínas ou outras substâncias liberadas em  maior quantidade no sangue quando existem determinados tumores em evolução no organismo, e são capazes de oferecer ao médico não apenas um dado a mais para a confirmação do diagnóstico, como orientar o prognóstico e a escolha da melhor linha de tratamento, embora sejam de baixa eficácia para promover o diagnóstico precoce.


É importante esclarecer que os marcadores tumorais, isoladamente, não são capazes de confirmar nem descartar um diagnóstico de câncer, e atuam como auxiliares em conjunto com o exame clínico e outras investigações. Isso porque células saudáveis também produzem as proteínas que servem como marcadores tumorais, especialmente em determinadas condições, como quando o paciente é fumante, ou quando há outras doenças não neoplásicas presentes, como pancreatite, doença inflamatória intestinal ou endometriose. Por essa razão, não costumam ser incluídos nos check-ups rotineiros exceto em determinados casos, como o já citado citado exame de PSA, o Antígeno Prostático Específico, que é um marcador tumoral. Conheça alguns dos marcadores tumorais mais utilizados:


  • CA-125 - É utilizado no câncer de ovário, endométrio, mama, pulmão, bexiga, hepatocarcinoma (fígado) e linfoma não-Hodgkin. Pode surgir em doenças não neoplásicas como endometriose, doença inflamatória pélvica aguda, cistos ovarianos e no final da gestação. 


  • CA-19.9 - Importante para o diagnóstico diferencial do câncer de pâncreas e de vesícula, além do acompanhamento dos resultados do tratamento quimioterápico do câncer de pâncreas.


  • CEA - É o marcador tumoral mais investigado há várias décadas. Sua utilização mais comum é no câncer colorretal, mas também pode ser um indicativo de câncer de estômago, pulmão, pâncreas, trato gastrointestinal, fígado, tireoide e mama.


  • CA 15-3 - Muito associado ao tratamento do câncer de mama, mas também ovário, pulmão, cólon, hepatocarcinoma e linfomas. Ocorre também em doenças não neoplásicas como hepatite crônica, tuberculose e lúpus. 


  • Alfa-fetoproteína, Beta-HCG e Desidrogenase Lática - Úteis para avaliar o prognóstico e monitorar o tratamento de tumores de células germinativas, como o câncer de testículo e alguns tipos de câncer de ovário. 



O impacto do estilo de vida na prevenção do câncer


Estima-se que 30% dos casos de câncer poderiam ser evitados com alterações no estilo de vida e adoção de hábitos saudáveis, tais como a prática regular de atividade física, alimentação balanceada com introdução de mais frutas e verduras e menos proteína animal, produtos industrializados e gorduras saturadas, evitar o álcool e o tabagismo, e, não menos importante, um calendário regular de check-ups preventivos. Naturalizar esses cuidados, disseminando a informação, é papel de cada um, e de toda a sociedade.

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